Durante reunião com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul em 29 de maio, o prefeito de Nova Alvorada do Sul, José Paulo Paleari (PP), atribuiu ao crescimento populacional e industrial do município a dificuldade de manter o Hospital Municipal com servidores efetivos.
Segundo o chefe do Executivo, o avanço econômico do município com a chegada de empreendimentos como a usina de energia solar e a expansão da planta da Atvos pressionam a rede pública de saúde e justificam a permanência de servidores temporários na área.
O prefeito afirmou ainda que os atendimentos no hospital estão sobrecarregando os cofres públicos e defendeu a terceirização da gestão hospitalar para organizações sociais (OS), o que, segundo ele, permitiria melhor eficiência e desoneração da folha. Com essa medida, o Município deixaria de contratar os aprovados em concurso e manteria temporários até a conclusão da transição, que sequer foi definida para iniciar.
Entretanto, a folha de pagamento de maio de 2025 obtida pela reportagem mostra que, atualmente, há 10 enfermeiros contratados em caráter temporário, com custo bruto mensal de R$ 130.067,19 aos cofres públicos.
Por outro lado, 18 servidores concursados ocupam a mesma função, totalizando R$ 194.396,27 em salários brutos. Somados, os gastos com profissionais de enfermagem chegam a R$ 324.463,46 por mês.
Relatos obtidos pela reportagem revelaram ainda que profissionais de enfermagem aprovados no concurso chegaram a ser chamados pela prefeitura para entrega de exames issionais em caráter de urgência, com prazo curto para cumprimento das exigências.
Em condição de anonimato, uma das concursadas relata ter gastado cerca de R$ 1.500 com os exames, acreditando que realizaria o sonho do concurso público. Agora, indignada com a postura da gestão, a profissional questiona se a conduta do prefeito é realmente motivada pela manutenção da saúde financeira do município ou se há interesse em preservar “cabides de emprego manipuláveis”.
O tema foi discutido com o promotor de Justiça Maurício Mecelis Cabral, no contexto do Inquérito Civil n.º 06.2024.00000295-5, que apura possível irregularidade na substituição de concursados por contratados sem concurso.
Em resposta anterior, o MP já havia solicitado esclarecimentos sobre a permanência de temporários nos cargos de enfermeiro 40h, médico ESF e motorista, mesmo com a existência de aprovados não convocados.
A Prefeitura informou que pretende convocar os concursados até junho de 2025, prazo de validade do processo seletivo, e que o contrato dos temporários será encerrado até lá. No caso dos motoristas, afirmou já ter convocado 13 candidatos para 4 vagas e cadastro de reserva, suprindo todos os classificados.
O Ministério Público pontuou que a concessão da gestão hospitalar à iniciativa privada deve observar rigorosamente os parâmetros legais e que continuará acompanhando o caso.
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