Redação –
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) se manifestou contra o pedido de revogação da prisão preventiva do empresário Mauro Mayer da Silva, investigado na Operação Malebolge, que apura um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos nas áreas da saúde e educação nos municípios de Rochedo e Água Clara, ambos istrados por prefeitos do PSDB.
Mauro é um dos 11 acusados presos no dia 18 de fevereiro, durante a deflagração da operação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Ele é dono da empresa Zellitec Comércio e Serviços, uma das contratadas pelas prefeituras investigadas.
Segundo manifestação assinada pela promotora de Justiça Laura Assagra Rodrigues Barbosa Pimenta, o pedido da defesa é considerado uma tentativa de “tumultuar o processo”. No documento, ela lembra que o mesmo pedido de revogação já havia sido apresentado anteriormente em outro processo, reforçando que “os fatos criminosos estão intimamente entrelaçados” e que o desmembramento prejudicaria a apuração das responsabilidades dentro da organização criminosa denunciada.
Atualmente, o caso está sob análise do juiz Cesar David Maudonnet, que deverá decidir sobre o novo pedido de liberdade feito pela defesa.
Relembre o caso
A Operação Malebolge teve como alvo um esquema de fraudes em licitações e pagamento de propinas a servidores públicos, com prejuízos que ultraam R$ 10 milhões. As investigações revelaram irregularidades na contratação de empresas para fornecimento de alimentos e serviços às prefeituras.
Em um dos episódios apurados, uma das empresas investigadas teria entregue alimentos estragados para a merenda escolar de crianças da rede pública.
Além de Mauro Mayer, também são réus no processo:
- Douglas Geleilaite Breschigliari, dono da D&B Comércio Atacadista de Confecções;
- Izolito Amador Campagna Júnior, empresário;
- Luciana Mendes Carneiro, empresária;
- Fabrício da Silva, proprietário de um cyber café supostamente prestador de serviços para a prefeitura de Rochedo;
- Renato Franco do Nascimento, servidor na Diretoria de Licitações;
- Celso Souza Marques, servidor municipal;
- Dois outros servidores públicos de Água Clara;
- Fernando os Fernandes, filho do prefeito de Rochedo, que atuava na diretoria de licitações;
- Denise Rodrigues Medis, ex-secretária de Finanças de Água Clara.
Os envolvidos chegaram a ser soltos por decisão liminar do Tribunal de Justiça de MS, no início de março. No entanto, a medida foi revogada posteriormente pela 3ª Câmara Criminal. Todos seguem presos preventivamente e tentam recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde todas as liminares foram negadas até o momento.
Nome da operação
O nome “Malebolge” faz referência à obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Na narrativa, Malebolge é a região do inferno onde são punidos os fraudadores e corruptos — uma alusão direta à natureza dos crimes investigados pela força-tarefa do MPMS.